Essa denominação Dia Internacional da Mulher sempre me deixa muito irritada porque soa piegas e paternalista. Instituir uma data comemorativa e nomeá-la "Dia da Mulher" deixa implícito que a mulher é um Outro num mundo de homens. Por que não "Dia Internacional da Luta Feminina"? Aí, sim, esse dia teria contemplado o seu verdadeiro significado, assim como o Dia da Consciência Negra. Não existe o Dia do Negro, por que Dia da Mulher?
Detesto essa pieguice de homenagear as mulheres com flores e
recadinhos melosos. Não que eu seja insensível, muito pelo contrário, até que
sou bem romântica. O problema é misturar as coisas. Este dia deveria ser
comemorado como aquilo que de fato representa: a luta das mulheres pelos seus
direitos e pela conquista do seu espaço no mundo, uma luta que não acabou; é
uma luta diária, de mulheres guerreiras, que confrontam poderes, subvertem
regras, desafiam convenções e traçam o seu próprio destino. Mulheres que
enfrentam jornadas duplas, pressões sociais, violência, preconceito, menosprezo
e piadinhas machistas. Mulheres que não desistem. Mulheres que resistem e
insistem na força de sua existência.
Este dia é dedicado a todas as mulheres do mundo que lutaram
e lutam pelo direito de serem respeitadas como seres humanos: Anas, Marias,
Joanas, Clarices, Dolores, Naras, Maysas, Leilas, Franciscas, Julianas, Ritas,
Ivones, Lauras, Saras, Isabeis...